Culturas, histórias e lendas

 

OXALÁ
Muitas são suas lendas e extensa é sua origem e história na África, matéria destinada aos estudiosos e mais aprofundados na religião.Sendo os mais cultuados no Brasil, Oxalufon “o velho” e Oxaguian “o moço” na sua forma “guerreira” de Oxalá que carrega uma espada, cheio de vigor e nobreza, seu templo principal é em Ejigbo, onde ostenta o título de Eléèjígbó, Rei de Ejigbo. Na condição de velho e sábio, curvado ao peso dos anos, figura nobre e bondosa, carrega uma cajado em que se apoia, o Opaxoro, cajado de forte simbologia, utilizado para separação do Orun e o Ayié. No Brasil é o mais venerável e o mais venerado, sua cor é o branco, seu dia a Sexta-feira, motivo pelo qual os candomblecistas em geral usam roupa branca na Sexta-feira e na virada do ano, num claro respeito e devoção a Oxalá.
Sua maior festa é uma cerimônia chamada “Águas de Oxalá” que diz respeito a sua lenda dos sete anos de encarceramento, culminando com a cerimônia do “Pilão de Oxaguian”, para festejar a volta do pai. Esse respeito advém da sua condição delegada por Olorun, da criação e governo da humanidade.

 

 

 

OGUM
Uma história de Ifá, explica como o número 7 foi relacionado a Ogún e o número 9 a Oyá. “Oyá era a companheira de Ogún antes de se tornar a mulher de Xangô.

Ela ajudava o deus dos ferreiros no seu trabalho; carregava docilmente seus instrumentos, da casa à oficina, e aí ela manejava o fole para ativar o fogo da forja. Um dia, Ogún ofereceu à Oyá uma vara de ferro, semelhante a uma de sua propriedade, e que tinha o dom de dividir em sete partes os homens e em nove as mulheres que por ela fossem tocados no decorrer de uma briga. Xangô gostava de vir sentar-se à forja a fim de apreciar Ogún bater o ferro e, frequentemente, lançava olhares a Oyá; esta, por seu lado, também o olhava furtivamente. Xangô era muito elegante, seus cabelos eram trançados e usava brincos, colares e pulseiras. Sua imponência e seu poder impressionaram Oyá.

Aconteceu, então, o que era de esperar: um belo dia, ela fugiu com ele. Ogún lançou-se à sua perseguição, encontrou os fugitivos e brandiu sua vara mágica. Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo. E, assim, Ogún foi dividido em sete partes e Oyá, em nove, recebendo ele o nome de Ogún Mejé e ela o de Yansã, cuja origem vem de Iyámésan – ‘a mãe (transformada em) nove’.”

 

 

 

OXUMARÉ
Nanã, obcecada pela idéia de ter um filho de oxalá, concebeu o primogênito obaluaiye que, por sua terrível aparência, foi desprezado por ela. Nanã consultou ifá, e este orixá lhe disse que, numa segunda tentativa, ela daria a luz a um filho lindíssimo, tão formoso quanto o arco-íris.
No entanto, preveniu-a sobre o fato que a criança jamais ficaria a seu lado. Seu sonho parecia realizado até o momento do parto, quando deu a luz a um estranho ser que recebeu o nome de oxumaré. Durante seis meses a criatura tomava a forma de arco-íris, cuja função era levar a água para o castelo de oxalá, que morava em orun (no céu). Depois de cumprida a tarefa, ele voltava a terra por outro seis meses, assumindo a forma de uma cobra.
Com essa aparência, ao morder a própria cauda, dando a volta em torno da terra, ele teria gerado o movimento de rotação, bem como o transito dos astros no espaço. É um orixá que representa polaridades contrarias, como o masculino e o feminino, o bem e o mal, a chuva e o tempo bom, o dia e a noite, respectivamente, através das formas do arco-íris e serpente.

 

 

 

OBALUAYÊ
Nanã era considerada a deusa mais guerreira de daomé. Um dia, ela foi conquistar o reino de oxalá e se apaixonou por ele. Mas este não queria se envolver com outra orixá que não fosse sua amada esposa yemanjá. Por isso, explicou tudo a nanã, mas ela não se fez de rogada.

Sabendo que oxalá adorava vinho de palma, embriagou-o. Ele ficou tão bêbado que se deixou seduzir por nanã, que acabou ficando grávida. Mas por ter transgredido uma lei da natureza, deu a luz a um menino horrível, não suportando vê-lo, lanço-o no rio. A criatura foi mordida por caranguejos, ficando toda deformada. Por sua terrível aparência, passou a viver longe dos outros orixás.
De tempos em tempos os orixás se reuniam para uma festa. Todos dançavam, menos obaluaiyê, que ficava espreitando da porta, com vergonha de sua feiura. Ogum percebeu o que acontecia e, com pena, resolveu ajudá-lo, trançando uma roupa de mariwo – uma espécie de fibra de palmeira – que lhe cobriu todo o corpo.
Com este traje ele voltou a festa e despertou a curiosidade de todos, que queriam saber quem era o orixá misterioso. Yansã, a mais curiosa de todas, aproximou-se, e neste momento, formou-se um turbilhão e o vento levantou a palha, revelando um rapaz muito bonito. Desde então os dois orixás vivem juntos, e os dois passaram a reinar sobre os mortos.

 

 

IBEJI
Existiam num reino dois pequenos príncipes gêmeos que traziam sorte a todos. Os problemas mais difíceis eram resolvidos por eles; em troca, pediam doces balas e brinquedos. Esses meninos faziam muitas traquinagens e, um dia, brincando próximos a uma cachoeira, um deles caiu no rio e morreu afogado.
Todos do reino ficaram muito tristes pela morte do príncipe. O gêmeo que sobreviveu não tinha mais vontade de comer e vivia chorando de saudades do seu irmão, pedia sempre a orumilá que o levasse para perto do irmão.
Sensibilizado pelo pedido, orumilá resolveu levá-lo para se encontrar com o irmão no céu, deixando na terra duas imagens de barro. Desde então, todos que precisam de ajuda deixam oferendas aos pés dessas imagens para ter seus pedidos atendidos.